sábado, 22 de dezembro de 2012

Por favor, recebam este meu adeus. Adeus de uma garota mimada, enganada, obrigada a se obrigar ser normal, comum. Garota estranha. Tremenda estranheza, tremenda sua tristeza.
Poucos a enxergam.
Recebam meu Adeus pois daqui a alguns instantes estarei entregue à Deus.
Morro de ódio,
Morro de rir,
Morro de amor,
Morro pela metade,
Morro só por morrer.
Morro por ti,
Morro de estudar,
Me mato de comer.
Morro de dor,
Morro de saudade,
Morro de escrever.
É tanta morte.
Morri tantas vezes e não deixei de respirar.
Quanta sorte!

Decepção.

Se perguntava o que os homens tanto conversavam na mesa de bar. Por que seu noivo demorava tanto para voltar pra casa quando dizia que ia ao bar tomar "aquela gelada" com os amigos.
Descobriu.
Não descobriu exatamente o que eles conversam na mesa de bar, mas descobriu o que conversam quando estão tomando "aquela gelada". Não descobriu exatamente o que conversam todos os homens, mas descobriu o que seu noivo e seus amigos conversam.
Conversam água. É, água!
Foi a pior descoberta que teve.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

E mais uma vez tu me fez chorar. Me fez chorar por saber mais, por ser mais, ter mais. Não chorei por inveja, mentira. Chorei por inveja, chorei de raiva, chorei de alegria.
Primeiro, como entrou aqui e por que fez isso? Como entrou aqui dentro de mim e saiu abrindo todas as portas, janelas, gavetas fechadas de dentro de mim? Por que escolheu logo a mim para ser tua vítima?
Não entendo.
Você me fez chorar. Chorei porque tu me conhece melhor que eu. Não me reconheço. Não me conheço. Nunca me conheci. Chorei de raiva. Quem te deu o direito de saber mais de mim? Quem te deu o direito de saber alguma coisa sobre mim?
Não posso mais fazer nada, já tá tudo aí... revelado. Você sabe o lixo humano que sou e ainda tá aqui. Por quê? Eu não te mereço, nunca te mereci e soube desde sempre. Mentira, nunca soube de nada.
Não te mereço porque foi a única pessoa que conseguiu me fazer chorar.

sábado, 8 de dezembro de 2012

É fácil amar o outro na mesa de bar, quando o papo é leve, o riso é farto, e o chope é gelado. É fácil amar o outro nas férias de verão, no churrasco de domingo, nas festas agendadas no calendário do de vez em quando.
 Difícil é amar quando o outro desaba. Quando não acredita em mais nada. E entende tudo errado. E paralisa. E se vitimiza. E perde o charme. O prazo. A identidade. A coerência. O rebolado. Difícil amar quando o outro fica cada vez mais diferente do que habitualmente ele se mostra ou mais parecido com alguém que não aceitamos que ele esteja. Difícil é permanecer ao seu lado quando parece que todos já foram embora. Quando as cortinas se abrem e ele não vê mais ninguém na plateia. Quando o seu pedido de ajuda, verbalizado ou não, exige que a gente saia do nosso egoísmo, do nosso sossego, da nossa rigidez, do nosso faz-de-conta, para caminhar humanamente ao seu encontro. Difícil é amar quem não está se amando.
 Mas esse talvez seja, sim, o tempo em que o outro mais precisa se sentir amado. Eu não acredito na existência de botões, alavancas, recursos afins, que façam as dores mais abissais desaparecerem, nos tempos mais devastadores, por pura mágica. Mas eu acredito na fé, na vontade essencial de transformação, no gesto aliado à vontade, e, especialmente, no amor que recebemos, nas temporadas difíceis, de quem não desiste da gente.
Estou no ponto máximo de mim mesmo. Estou cheio.
Cada texto que escrevo tem como início um aviso, e eu  lhes aviso, estou no meu limite. Aviso-lhes apenas para informar que não me enxam pois estou no meu ponto. Não me enxam o saco,não me façam enxer a boca de avulsas palavras sem sentido, não me enxem as tripas. Apenas me deixem quieto naquele sofá imundo que eu tanto gosto, me deixem no sofá que tanto parece comigo.
Sujos.
 Me esqueçam por dias, por favor. Não me liguem, não venham gritando meu nome na porta da minha casa sem ao menos serem convidados.
 Estou tão cheio de nada, tão cheio de coisas poucas, de assuntos sem a menor importância. A vida não tem importância.
Nada tem importância. 
Não me considero uma pessoa triste, tampouco feliz, Nunca fui feliz.
Não confio em pessoas sorridentes demais, com rostos oleosos e felizes, dentes amarelos e felizes, gargalhadas estridentes e fel... vazias. Não confio, pois são falsas. E não estou julgando ou sendo um deprimido razinza, estou sendo realista. Preste atenção, ninguém é feliz todos os dias, todas as horas do dia, todos os segundos. Ninguém sorri sempre pra desconhecidos. Irão pensar que você é maluco. Ou psicopata. Como que pessoas falsas com si mesmo serão verdadeiras com os outros? Estão tão apagadas por dentro que por necessidade ou algo parecido precisam exibir o brilho artificial de seus rosto oleosos. Acham que enganam algum otário. E enganam. Mas não a mim. Sei que na verdade só querem deixar as suas frustradas vidas sociais e ir pro colo da mãe. Só querem voltar ao tempo em que a sociedade não cagava em suas cabeças, tempo em que não tinham opiniões e deixavam que lhes empurrassem goela a baixo toda essa caralhada de  não-faça-isso-deus-está-vendo. Se é que eles vivenciaram esse tempo. Querem voltar os dias em que eram felizes com suas namoradas e/ou namorados, no tempo em que seu cachorro era vivo, no tempo em que seu liquidificador funcionara.
Todo mundo é triste, é o estado normal do ser humano. Felicidade vai e volta por tempo indeterminado de chegada e de partida. Deviam parar de ser falsos com si próprio e aceitar que vai ficar triste seja por você mesmo ou pelos outros.